A rainha Ester se tornou ícone de coragem e bravura por um motivo nobre: salvar seu povo de um extermínio programado. Mesmo que esse tipo de situação não seja comum em nossos dias, ainda assim podemos tirar lições práticas desta história e personalidade.
Neste post, vamos entender como a forma modesta de ser da Rainha Ester pode nos ajudar enfrentar nossas batalhas atualmente e fazer a diferença em nossa própria história.
A rainha Ester, um breve relato
A história da Rainha Ester é um dos relatos mais fascinantes do Antigo Testamento. Ela não era uma rainha em Israel, mas sim no vasto império Medo e Persa. Numa cultura diferente, em situações de temor, Ester soube conduzir as situações muito bem, sendo recatada e discreta, ouvindo os conselhos de seu primo Mordecai.
Foi escolhida para ser rainha, após sua antecessora ser expulsa por não querer se expor para todos aqueles homens, convidados do Rei.
Aqui, fica a primeira lição: Ester poderia ter desejado agradar o rei, sendo para ele o que a antiga rainha não foi (o que seria pouco possível dado sua cultura e valores). Contudo, ela se mostra modesta e discreta, mantendo-se firme, de acordo com sua fé.
A modéstia que salvou
Quando convocada para ser candidata a rainha, Ester é aconselhada a não revelar sua identidade judaica. Ouvindo o conselho de seu primo, ela teve a oportunidade, sem saber, de exterminar o mal em hora apropriada, graças a sua maneira discreta de ser.
Ela nos ensina sobre a privacidade de nossa história. Seja positivo ou negativo, Ester nos ensina que nem tudo, ainda que sejam por menores comuns e imutáveis (como a ancestralidade), precisa ser dito a qualquer pessoa.
Feminilidade, modéstias e ousadia
Como se não bastasse ser uma rainha que estava substituindo outra, em questões extremas, seu povo ser um povo que era subjugado por aquele império e ela não poder dizer nada sobre isso, Ester ainda tinha como arque inimigo alguém da confiança de seu marido, o conselheiro do rei.
Quando precisou agir, Ester teve ousadia para enfrentar o problema. Diferentemente de um possível estardalhaço e vitimismo, com sua feminilidade, discrição e sabedoria, ela se apresenta ousadamente. Não apresentou sua causa prontamente, mas, preparou sabiamente, com feminilidade, o caminho, para que tudo corresse bem.
Neste episódio, ela nos ensina que mesmo para fazer a coisa certa, uma obra justa, precisamos de sabedoria, entendimento e estratégia. Não devemos simplesmente jogar as informações esperando que tudo se resolva, prevalecendo o correto a se fazer.
Ela também nos ensina a humildade de saber ouvir e acatar conselhos.
O maior poder de Ester não vinha do título de rainha que tinha, mas de sua ousadia sábia, terna e verdadeira, que pode salvar não apenas sua vida, mas de sua nação e se tornar um marco na história de seu povo, para sempre.
A modéstia de Ester
Do início ao fim da história, vemos a história de uma mulher que poderia ter tido um desfecho de vida muito diferente do que teve, não fosse sua convicção em sua fé, que a guiou, guardou e honrou.
Provavelmente sua pele era macia e cheirosa, seus cabelos bem cuidados. Suas roupas: vestes reais. Isso, nada acrescentou de negativo, ou, tirou os méritos de sua coragem para agir de forma eficaz, sendo sábia e feminina.
Percebemos, então, o equívoco de se associar a modéstia simplesmente a uma roupa específica, desconsiderando que a roupa é só uma ferramenta. Ela pode tanto confirmar o que somos, como enganar a nós mesmos. Uma aparência de modéstia, sem o estilo de vida modesto, não irá se sustentar.
As características de Ester eternizadas, não foram seus cabelos, suas roupas e ornamentos, mas sua vida reta, embora esses elementos reais não faltassem em sua vida.
Por isso, modéstia não é uma roupa, mas, um estilo de vida.
A modéstia de Ester em nossos dias
Nunca tivemos um tempo em que a mulher pudesse ser tão espontânea e tivesse oportunidade de cuidar de seus interesses da forma que desejasse, como o que vivemos. Mas, na realidade, as mulheres estão realmente sendo mais valorizadas do que nos outros tempos?
Ao passo que somos instigadas a fazer tudo o que passar em nosso horizonte de possibilidades, também somos levadas a ser mais do mesmo. Mais do que isso, nos desencorajam de sermos aquilo que acreditamos, a troco de uma força que é sinônimo de perda do domínio próprio, falta de educação e humildade, que verdadeiramente nos afastam da promessa de sucesso, respeito e controle, próprio desses discursos.
Nos fazem acreditar que não nos importamos com opiniões, mas sempre sofremos com o medo da rejeição, de perder e de ficar de fora, externando isso nas frases que postamos, com o sentimento de fé que as pessoas irão acreditar em nossa força interior de ignorar.
Muitas vezes, externamos esses medos numa aparência excêntrica, ou, sem capricho. Noutras vezes, externamos esse medo abrindo nosso coração, desabafando de forma inapropriada, quebrando nossas fronteiras, ao contar nossas fraquezas, medos e temores a quem não deveria, expondo quem amamos, falando à pessoas que nem se importam conosco e desdenham do que nos é valioso. Isso é o oposto da modéstia.
Ester nos ensina que nossa postura no dia a dia irá ditar nossa conduta em grandes momentos.
Órfã, exilada, e tomada de sua casa, Ester poderia se sentir inferior e buscar na beleza um meio de se favorecer. Poderia pedir o que não tinha, gloriar de seu posto de rainha e expor seu povo, ou até mesmo abandoná-lo, física e espiritualmente. Porém, estando treinada a ser reservada e prudente, Ester soube esperar e ter a cautela necessária para falar e agir no tempo certo, de forma eficaz.
A modéstia de Ester salvou seu povo. Sua modéstia pode salvar sua vida e a de sua família.
Viver em modéstia não é agir como uma pessoa que faz sacrifícios para se manter subjugada e menosprezada. Ser modesta é ter segurança, intenção e atitudes que mostram sua grandeza interior. É abrir portas para uma influência que o “grito” jamais abrirá, menos ainda, ser precedido de respeito e honra. A modéstia pede fronteiras, força e intenção para preservá-las e cria influência e honra.
Espero que este texto te ajude refletir suas fronteiras e ser intencionalmente graciosa, ao ponto de cativar todos com sua grandeza interior.
Chag Purim Sameach!
Com carinho, Carol.
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